domingo, 7 de agosto de 2011

A vocação

1.    Agosto, mês das vocações.

Durante este mês de agosto, a Igreja celebra o mês das vocações. Vocação é um chamado. Somos convocados. Convocados para o que? Primeiramente, para sermos imagem e semelhança de Deus, ou seja, para sermos santos. Onde? Em qualquer lugar que estivermos. O nosso encontro com Jesus nos revela a nossa verdadeira vocação.
Encontrar Jesus é uma experiência ímpar na vida, experiência que tem a força de mover montanhas, de transformar água em vinho, de fazer enxergar, ouvir, caminhar, enfim, de viver na presença Dele.
Este encontro não precisa de um lugar paradisíaco, de um momento diferente, de uma situação extraordinária. O encontro se dá no ordinário, no cotidiano da vida. Jesus encontrou Levi (o apóstolo Mateus) no seu lugar de trabalho, na aduana, na alfândega, na repartição pública, onde ele trabalhava como cobrador de impostos.
O encontro não necessariamente passa por uma sensação diferente, por uma emoção extrema. Jesus é manso e suave. Ele é educado e respeita as nossas limitações, as nossas paixões, a nossa estória de vida. No encontro com Levi, como se abordará adiante, o apóstolo não saiu pulando, chorando, desmaiando. Ele ouviu Jesus lhe chamar – Vem e segue-me – e o seguiu e depois convidou o Mestre para almoçar. Simples assim.
O Senhor se revela na simplicidade do dia a dia: na sua família, no namoro, na escola, nos amigos, nas reuniões da comunidade, nas festinhas, nas missas, enfim no ordinário.
O encontro com Jesus tem sim um fruto direto, uma manifestação externa que não dá para esconder: o amor! O coração se enche de amor. Como diz a música do caranguejo, a boca fala do que o coração tá cheio, tá cheio de amor... Amor pelo outro, amor em casa, amor na escola, amor pelo Grupo Inquietude. Uma chama que não pára de brilhar. Como diz nosso pai Agostinho: “O amor é uma chama inquieta. Não pode ficar parado.”
      A nossa vocação, como imagem e semelhança de Deus, é ser amor, porque Deus é amor e quem ama permanece em Deus.
A vocação não é somente do padre. É de cada um de nós. Por isso, a Igreja celebra no primeiro domingo a Vocação presbiterial, no segundo a familiar, no terceiro a religiosa e no último a de leigos. Todos são chamado, qual é a nossa resposta?
                                                                                        
2.       A vocação de Levi: localização.
 A passagem da vocação de Levi se encontra nos três evangelhos sinóticos, ou seja, em Mateus, em Marcos e em Lucas. Nós vamos nos apoiar na narração de Lucas.  no capítulo 5, versículos 27-39.
Importante observar que o episódio do encontro de Jesus com Levi se dá logo após a cura de um paralítico. Depois de tal cura, diz o evangelista que “todos ficaram transportados de entusiasmo e glorificavam a Deus; e tomados de temor, diziam: ‘Hoje vimos coisas maravilhosas.’(Lc 5,26)
Interessante notar que logo após ser exaltado pelo povo, Jesus é acidamente criticado pelos fariseus e escribas por ter se sentado à mesa com os publicanos e pessoas de má índole (Lc 5, 30). A inconstância do povo que seguia Jesus é bem semelhante à nossa própria inconstância. Quantas vezes, na primeira contrariedade que temos, nos esquecemos de tudo que Jesus tem feito em nossas vidas?

3.    A vocação de Levi: reflexão.
Lucas, no capítulo 5, versículos 27 e 28 narra que depois de curar o paralítico, Jesus saiu e viu sentado no balcão um coletor de impostos, por nome Levi, e disse-lhe: ‘Segue-me’. Deixando ele tudo, levantou-se e o seguiu.
Jesus foi encontrar Levi, que na verdade é o apóstolo Mateus, quando este estava trabalhando, ou seja, num dia normal de sua vida. O encontro com Cristo não precisou de um grande acontecimento, de uma catarse, de uma enxurrada de emoções. Foi um encontro simples e direto, em que o Mestre chamou Mateus: “Segue-me.”
Jesus nos encontra na vida cotidiana. Ele não nos retira do mundo, não nos aliena, mas sim nos encontra na escola, na família, no namoro, na comunidade de jovens, enfim na nossa vida de jovens que possuem um coração inquieto.
Mateus, ou Levi, era coletor de impostos e estava sentado no balcão. Como se vê também na passagem de Zaqueu (Lc 19, 1-10), os cobradores de impostos eram mal vistos pela população, eram considerados pecadores, ladrões, corruptos, ou seja, pessoas de má fama. Jesus não se importa com isso e os chama para a conversão. Aliás, tanto na passagem do encontro de Zaqueu quanto na presente passagem, há a mesma ideia, qual seja, a de que Jesus veio salvar o que estava perdido, de que quem precisa de médico é o enfermo e não o são.
Jesus quer nos encontrar, pouco importando qual tenha sido o nosso passado. O importante não é o passado, mas o presente e o futuro. O Senhor quer fazer conosco do Inquietude um encontro. Ele sabe bem sobre o nosso passado, as nossas tristezas, as nossas decepções, enfim, dos erros e acertos que nós, como todo mundo, tem para apresentar.
Por último, vale observar que a Palavra diz que Levi deixou tudo, levantou-se e seguiu a Jesus.
Deixar tudo. Como é importante esta parte. Deixar tudo o que impede de se ter um encontro verdadeiro, sincero, puro, com Jesus. Deixar para trás a preguiça, o comodismo, a vaidade, o orgulho, o rancor. Abandonar tudo o que atrapalha a encontrar visceralmente com o Sagrado, como fizeram vários santos e santas de Deus na história da Salvação.
Não somente deixou tudo, como também se levantou. Levantar é ter uma atitude, é não ficar parado, esperando que as coisas aconteçam, é fazer acontecer. Somos convocados a levantar, a sair do lugar, da inércia, para a cada dia mais participar das atividades do Inquietude dentro da Paróquia.
Levantar, mudar de posição, assumir a postura de sentinela, inquietar-se com a injustiça, com o pecado e seguir Jesus, como se segue um amigo que tem algo muito legal a mostrar. E Jesus tem mesmo algo a mostrar: uma vida simples, feliz, compartilhada com quem amamos e partilhada com quem de nós necessita.

4.    O banquete com os fiscais.
Depois de encontrar Jesus, Levi decide lhe oferecer um grande banquete. Lucas narra tal acontecimento na sequência, ou seja, nos versículos 29 a 32.
Primeiramente, o que se nota é que o encontro com Jesus traz alegria e por isso a vontade de Levi de celebrar. Levi chamou os amigos para a sua casa (vs. 29). A presença de Jesus em nossa vida nos conduz a querer compartilhá-la com os amigos, parentes, amigos, como fez Levi.
Como Jesus aceitou o convite para estar com os fiscais e outros amigos de Levi, os fariseus e escribas começaram a criticá-lo, dizendo que ele comia e bebia com os publicanos e pessoas de má vida (vs. 30).
Jesus então lhes responde: “Não são os homens de boa saúde que necessitam de médico, mas sim os enfermos. Não vim chamar à conversão os justos, mas sim os pecadores.” (vs. 31-32).
Esta é, sem dúvida, uma passagem muito conhecida e que sintetiza a missão de Jesus. Ele veio para nós, fracos, pecadores, doentes. Nós todos somos chamados à conversão.
São Paulo, na Carta aos Romanos, bem esclarece sobre esta missão de Jesus de vir ao encontro dos pecadores. Diz o Apóstolo dos Gentios: “ Com efeito, quando éramos ainda fracos, Cristo a seu tempo morreu pelos ímpios. Em rigor, a gente aceitaria morrer por um justo, por um homem de bem, quiçá se consentiria em morrer. Mas eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós.” (Rom 5, 6-9).
O próprio Jesus ao escolher os doze discípulos que seriam os doze apóstolos (Mt. 10, 1-7) manda ele irem primeiramente resgatar as ovelhas perdidas da casa de Israel (vs. 6).
Devemos, pois, no Inquietude, ter uma atenção especial por aqueles que estão excluídos, afastados, por aqueles que não são “populares” e que precisam da nossa acolhida, da nossa amizade, da nossa palavra de entusiasmo!

5.    A vocação e a mudança de vida.
Levi teve um encontro pessoal e definitivo com Jesus. O encontro mudou a sua vida, a sua conduta no dia a dia. Levi não precisou ver os milagres de Jesus, não necessitou sentir alguma coisa, ter uma emoção muito forte, mas o encontro mudou para sempre a sua vida. Ele se tornou apóstolo de Jesus e evangelista, narrando as passagens de Jesus no primeiro dos Evangelhos do Novo Testamento.
Não é possível encontrar Jesus e continuar na mesma.
A vocação é um chamado, uma convocação. Somos convocados para uma missão. Só é convocado quem tem alguma habilidade. Estamos aproveitando das habilidades que Deus nos concede? O que nos atrapalha a colocar os dons a serviço? Estamos escondendo os nossos talentos?
Somos escolhidos por amor e para o amor; esta é a missão!
Algo bom há de acontecer e é para sempre...
Leonardo Buissa

A busca de Deus é a busca da alegria. O encontro com Deus é a própria alegria."(Santo Agostinho)

2 comentários:

  1. Texto lindo.Verdadeira Catequese!
    Que possamos,como Levi,Zaqueu e tantos outros responder ao chamado de Jesus. Ele passa constantemente à nossa porta, bate, mas espera nossa resposta. Quizá possamos responder em coro: Eis-nos aqui, Senhor!
    Beijos,

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